As mãos unidas, pousadas suavemente contra o peito. Um passo sempre atrás, atenta, deixavas falar e escutavas. Um sorriso gentil no rosto, que oferecias, vincava cuidadosamente cada uma das tuas rugas. Andavas ligeira, mas firme. Mais para o final da vida, cambaleante, mas sempre segura, ainda que em desequilíbrio. Tudo dizias com o teu silêncio e só gastavas as palavras para agradecer. E não saiam da tua boca em vão. Para ti, nada estava garantido e tudo era uma dádiva. Vivias não para o que desejavas, mas para o que te fora confiado. Sempre temente ao que era superior a ti. Durante muito tempo, desejei que tivesses tido outra vida. Esta que te haviam dado, parecia-me pouco justa e nada digna da tua essência.
Porque te silenciavas, parecias-me amordaçada. Porque te detinhas um passo atrás, parecias-me relegada para segundo plano. Porque permitias que as rugas se reproduzissem no teu rosto sem vaidade, parecias-me sofredora. Porque sorrias em silêncio e confiavas, parecias-me sem voz e sem liberdade. Porque nada cobiçavas, parecias-me parca em ambição.
Há algum tempo, o Vicente perguntou-me se depois de morrermos voltávamos a ser novamente bebés. Eu sorri. Durante muito tempo desejei que assim fosse. Desejei que voltasses a esta vida para viver o destino mais justo que eu te queria. Muitas vezes, questionei-me se eras feliz. Faltou-me a coragem de to perguntar em vida.
Foi só quando ele partiu que eu vi. A morte mostrou-me que a tua existência não era nem fora um equívoco. Tudo o que confiaste para ti tinha um nome: AMOR.
Porque te silenciavas, parecias-me amordaçada. Porque te detinhas um passo atrás, parecias-me relegada para segundo plano. Porque permitias que as rugas se reproduzissem no teu rosto sem vaidade, parecias-me sofredora. Porque sorrias em silêncio e confiavas, parecias-me sem voz e sem liberdade. Porque nada cobiçavas, parecias-me parca em ambição.
Há algum tempo, o Vicente perguntou-me se depois de morrermos voltávamos a ser novamente bebés. Eu sorri. Durante muito tempo desejei que assim fosse. Desejei que voltasses a esta vida para viver o destino mais justo que eu te queria. Muitas vezes, questionei-me se eras feliz. Faltou-me a coragem de to perguntar em vida.
Foi só quando ele partiu que eu vi. A morte mostrou-me que a tua existência não era nem fora um equívoco. Tudo o que confiaste para ti tinha um nome: AMOR.
Dedicado ao meu avô, que partiu há nove anos. Acredito que o melhor tributo que lhe posso fazer é escrever sobre a mulher que amou e encheu de sentido a sua existência.