O céu clareou,
mas, da minha varanda, o sol ainda dorme.
Tudo aponta o novo dia:
Os pássaros cantam
Os cães ladram
O barulho dos motores dos carros intensifica, ao longe
Ouve-se o ranger dos estores a abrir, nos prédios
O primeiro comboio da manhã já passou.
Agora mesmo, um dono chama o seu gato.
Na linha do horizonte, desenha-se um fio vermelho e, da minha varanda, o sol ainda dorme e eu continuo noite.
Talvez seja esse o meu problema, com os novos dias e com tudo o resto na vida:
o ponto de vista
e a teimosia de achar que o dia só o é com o sol a queimar-me os olhos.