Desejos

Em tantas noites 

também eu me sentei debaixo de um negro céu

à espera que as estrelas caíssem no meu colo

e queimassem as pontas dos meus dedos, que insistem em carregar com todo o cuidado

este coração 

cadente

Desejo que nada o impeça de cair contra o chão.

Se te fores embora

Parte como chega o verão:

numa madrugada aleatória de junho,

despertados pelo suor que nos escorre pelo pescoço,

percebemos o cobertor a mais na cama.

Que assim seja o nosso desamor,

um problema de transpiração.

Pois o inverno estará perto, ao virar de duas estações, se te fores embora como o verão chega.

E o cobertor voltará à cama.



Preciso de partir

Tantas vezes deixarei de morrer, para que não partas.